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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

No Litoral Sul, postos policiais estão sucateados

Por Paulo Nascimento, via Diário de Natal
Em um posto não tem o que beber porquê a caixa d’água está vazando, já em outro falta telefone para prestar o serviço para a população e o terceiro está completamente fechado. Estes são apenas alguns dos pontos falhos encontrados nos locais que propriamente deveriam funcionar como postos policiais no Litoral Sul da costa potiguar. De Pirangi do Norte até Barreta, o cidadão que procurar os serviços de segurança pública não irá encontrar muito mais que dois postos em funcionamento, número ainda longe do que seria o ideal para o atendimento das sete localidades que compõem o Litoral Sul.
Primeira das unidades físicas de segurança encontradas no caminho da RN-063, a popular Rota do Sol, a base Pium/Cotovelo, inaugurada em 2002 é, provavelmente, a menos equipada de todas. O que leva nome de posto policial, na verdade é apenas uma sala com dois birôs – com um código penal e um livro de registro de ocorrências em cima de um deles -, três cadeiras e um pequeno quadro ornando a parede, ao lado da placa que indica a data de fundação do posto, há pouco mais de nove anos. Não há televisão, ventilador, rádio-comunicador nem muito menos um computador para servir o único policial que dá guarda no local.
Religiosamente de segunda a sexta-feira, um policial militar, que não quis ser identificado, dá expediente no local, das 7h da manhã ao meio-dia. No resto do horário e nos fins de semana, o posto permanece fechado. “Não posso fazer nada, nem me comunicar com a viatura. Cumpro meu expediente desta forma há seis meses. E se tem previsão de reforço, não me avisaram nada”, comenta o policial. Até mesmo o telefone público localizado em frente ao posto não funciona há vários meses, segundo o PM.
Seguindo para o sul, chega-se a Pirangi do Norte, ainda no município de Parnamirim e sob a jurisdição do 3º Batalhão da Polícia Militar. Point de grande parte das classes média alta e alta de Natal durante o período de férias e no Carnaval, além de ter um grandenúmero de moradores, a badalada praia sofre com a falta de policiais para suprirem a demanda. A viatura que faz do posto da localidade como base atende Pium, Cotovelo, Pirangi do Norte e por muitas vezes estende as suas ações para as praias de Búzios e Pirangi do Sul, no município de Nísia Floresta.
O posto, que há anos não recebe a mínima manutenção, encontra-se em uma das principais avenidas da praia: avenida Deputado Márcio Marinho. Sem água, pois o reservatório está rachado e cada vez que se tenta enchê-lo ocorrem vazamentos, oficialmente sem telefone na base, o posto serve apenas de dormitório, pois nem mesmo o local que funcionaria a cela encontra-se em condições de receber um eventual preso. “E as camas estão ou amarradas ou escoradas em tijolos para não cair. Além do mais quem comprou os colchões e os armários fomos nós, o ar-condicionado foi doado, o gelágua também e o computador também”, conta um dos três policiais que dividem o patrulhamento em uma das viaturas que servem o Litoral Sul. Quatro equipes de PMs revezam o serviço durante a semana.
Reconhecimento
O esforço dos policiais, que trabalham com o mínimo de estrutura, por vezes é recompensado, como no caso recente da prisão de uma quadrilha de arrombadores de casas litorâneas. “Nós dependemos da sorte e da ajuda da população. Porque o tamanho da área que a gente cobre, se for colocar no papel, é sem lógica”, confessa outro PM, que também não quis ser identificado.
O bom trabalho dos policiais é reconhecido pela própria população. “Do trabalho dos rapazes não tem o que reclamar, fazem o que podem dentro do possível. Me diga se tem condições três policias fazerem segurança de três praias ou até mais”, reclama o comerciante Jamerson Pinto, que teve seu comércio assaltado duas vezes nos últimos meses. “Os policiais recuperaram o material, mas não conseguiram pegar os assaltantes nem o dinheiro”.

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